sexta-feira, 12 de junho de 2009

A formação da Ideologia

Retirado do texto Linguagem e Ideologia (1998), de José Luiz Fiorin. Professor do instituto de letras, ciências sociais e educação da UNESP, Araraquara.

Existe uma ligação entre a linguagem e a ideologia.A formação ideológica deve ser entendida como a visão de mundo de uma determinada classe social, isto é, o conjunto de representações e idéias que uma determinada classe tem do mundo. Essa visão de mundo não existe desvinculada da linguagem, já que não existe idéia fora dos quadros da linguagem, precisamos da linguagem para transmitir as idéias, por isso a formação ideológica é formada pelo discurso.A ideologia é ensinada aos membros da sociedade através do processo de aprendizagem lingüística. É com sua formação ideológica que o homem constrói seus discursos, que ele reage linguisticamente aos acontecimentos. A formação ideológica impõe o que pensar, e a formação discursiva impõe o que fazer. É a soma das vozes de outros no indivíduo que ditam a sua visão de mundo.Não existe pensamento fora da linguagem, a ausência de uma linguagem impossibilita o indivíduo de pensar, pensamento e linguagem são inseparáveis, apesar do pensamento ser algo distinto da linguagem. É através da linguagem que o indivíduo expressa seus pensamentos.Mas será que existe individualidade na linguagem?Segundo o autor a consciência é algo coletivo, existe muita relutância por parte das pessoas quando ouvem isso. A confusão de idéias radica-se no próprio conceito de indivíduo, porque o homem não é apenas uma individualidade que reside no espírito, é também produto de relações sociais ativas e inteligentes. Assim como o homem não está livre das relações sociais, também não está livre das coerções impostas pela sociedade.Sendo a consciência algo coletivo, a individualidade reside no julgamento que fazemos daquilo que ouvimos. Podemos escolher quais vozes aceitaremos, mas até nisso somos influenciados pelo conjunto de vozes que formaram nossa ideologia.

Postado por Flávio Gomes

Princípios de morfossintaxe

As crianças com sua maneira de ver e sentir as coisas brincam com as palavras, brincam de repetir as palavras várias vezes até perder o sentido, isso porque existe o plano de expressão e o plano de conteúdo. A sílaba é a construção de fonemas articulados, o fonema por si não significa nada, e nem a sílaba, eles só passam a possuir significado pela articulação existentente. A sílaba é um sintagma no plano da expressão. Sintagma é uma construção em qualquer nível resultando da articulação de unidades menores. O traço que divide o plano de expressão do plano de conteúdo é o significado existir ou não. Na gramática existe o estudo da morfologia juntamente com sintaxe, fonética e fonologia. O estudo da morfossintaxe se limita apenas as unidades com significado, a morfossintaxe estuda o morfema (menor unidade significativa), e o período(simples ou composto). A morfossintaxe opera com alguns conceitos que são: A articulação, a função, substância e forma(estrutura e construção), análise e síntese. A articulação designa o conjunto de posições que os órgão do aparelho fonador podem tomar para produzir o som, mas também fala que as formas lingüísticas podem ser analisadas através da separação das partes, essas partes se articulam para criar um novo signo, o princípio da dupla articulação da linguagem foi estabelecido por Martinet, segundo Martinet a primeira articulação é a das unidades significativas, ela ocorre no plano de conteúdo, já a segunda é a articulação dos fonemas que ocorrem no plano da expressão. A dupla articulação representa uma enorme economia e é capaz de produzir a comunicação verbal com um número limitado de unidades, as combinações nunca se esgotam. A articulação na linguagem torna possível a formação de muitos signos diferentes com poucos fonemas, isso devido a relação que os fonemas e morfemas podem adquirir no eixo sintagmático. A função é o papel que os componentes possuem devido à sua relação com os demais, o termo não exerce uma função em relação ao outro e sim contrai uma função em relação ao outro, a relação que há na função só pode ser definida pela análise. Substância e forma(estrutura e construção), as relações que se estabelecem entre as partes de um todo constituem a sua estrutura, a estrutura é uma construção, é substância formalizada, ou seja, substância dotada de forma. Análise e síntese, a análise é o método cartesiano de conhecimento que consiste em decompor um todo em partes sem perder de vista as relações que essas partes mantém, a análise é a investigação dos sub-conceitos com os quais o conceito em questão foi constituído, a descrição de uma língua é feita pela análise. Os recursos gramáticas que podem ser sistematizados através da análise da língua portuguesa são: a ordem das palavras, que é o recurso que opera no nível da estruturação sintática, que pode ocorrer em ordem maior ou menor se for uma língua diferente; a composição, é um gerador de palavras, são palavras formadas por radicais diferentes; a afixação forma palavras derivadas, é o acréscimo de afixo a um radical, seja esse afixo um prefixo, sufixo ou ambos, a afixação forma palavras derivadas; alternância vocálica e alternância consonantal, é quando um radical ou uma consoante sofrem alterações significativas formalizando fatos gramaticais, como novo/novos, novo/nova; variação do acento é qualidade física do som a intensidade, altura e timbre como em prática/pratica datilógrafo/datilografo; a reduplicação consiste em duplicar um radical a um sílaba que a ele se antepõe; palavras instrumentais estabelecem conceitos abstratos da relação, operam relações e funções e podem operar a transferência de um valor gramatical à outro sem que ocorra a derivação, as palavras instrumentais podem ser pronomes relativos, conjunções, preposições, e também verbos auxiliares.



Baseado no texto: Morfossintaxse de: CARONE, Flávia de Barros, Morfossintaxe. São Paulo: Ática, 2004. p 7-21.

Postado por Flávio Gomes